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© Richner Allan
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Em uma linguagem que envolve totalmente o leitor ao que está acontecendo na obra, e a realidade vivida, assistida e sofrida pela Conceição Evaristo. Quando soube da existência dessa incrível escritora, a minha vontade e o meu desejo de escrever transbordou em palavras, molhou as minhas mão e a criatividade não deixou que o papel fosse desfeito em meio a tantos riscos e rabiscos de ideias, frenéticas e ágeis tanto quanto a imaginação fluía lendo o romance memorialista escrito por ela - uma memória doce, que logo mais traria o sabor amargo da pobreza, da miséria, a relembrança da fome agora materializada em letras e os choros de esperanças fragilizadas pelas pedras pontiagudas cravadas na vida, e no coração, de cada um que participou silenciosamente e grandiosamente em sua vida, agora, com parte de suas vidas gravadas em algo que posso chamar de obra de arte.
Com um aperto no peito, e quase com lágrimas nos olhos, fecho e completo a leitura de 'Becos da memória'. Li nas madrugadas de ansiedade, refleti sobre nos períodos de insônia, e se tornou o único livro que guardei na mochila e dediquei minutos (e até horas) da minha atenção, e um dos poucos que deu-me criatividade o suficiente para desconhecer quem sou, e reconhecer através de memórias o que há de mais belo, incrível e fascinante na minhas experiências e descobertas no meu decorrer da vida - até o momento. Nós somos feitos das nossas memórias, daquilo que vivemos e estamos presenciando.
| 'Os sonhos dão para o almoço, para a janta, nunca.'
É quase impossível não sentir os conselhos vagos e dados em todo decorrer. É impossível não se apaixonar a cada paragrafo lido. É impossível não ler com seriedade e atenção até mesmo nas descrições mais eróticas - nas poucas vezes contidas -, nos mais tristes caminhos traçados pelos que habitavam a favela e as suas vivências mais apavorantes de imaginar-se vivendo, que infelizmente, é uma realidade muito próxima, esquecida e pisoteada como se amanhã fosse resolver-te naturalmente. Empurrado pela própria barriga murcha pela miséria de vida.
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© Reprodução/Divulgação |
E apesar calma e vaga como a brisa da miséria descrita em ricos detalhes, as suas criticas ao tratamento social e político surgem e complementam a história, como se a sua existência fosse impossível de exclusão - a dificuldade de desenvolvimento do povo negro começa desde o racismo estrutural, onde as oportunidades de renda são diminuídas através do setor privado, ou quando a própria política nos impede de conquistar espaço e estabilidade, que inclusive, é citado em um dos momentos escritos. E de fato acontece muito. Quando aqueles que desejam alcançar poder com a ajuda do povo, utiliza do discurso de saciar o sonho e o desejo de todos em troca de seu voto e quando chega ao poder, esquece totalmente das promessas que fez. É uma exploração sem fim. E os becos da memória de Conceição Evaristo, carrega, guarda e expõe todos os preconceitos, todas as explorações e toda miséria que nos assombram até os dias de hoje.
Você pode adquirir e entrar nos Becos da Memória de Conceição Evaristo clicando aqui.
Verdade. O Brasil tem muitas desigualdades sociais.
ResponderExcluirBom final de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Pois é.
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