Amo todo e qualquer lançamento que fique perceptível o esforço de Beyoncé mostrar que não veio para agradar uma indústria, branca e totalmente segregacionista, como os seus consumidores: brancos, racistas e que fazem questão de deixar evidente o quanto querem as coisas ao seu agrado. Assistir 'Black Is King' é receber uma explosão de detalhes, conceitos e riquezas que toda estrutura faz questão de mascarar através de miséria e pobreza, quando o continente Africano é muito mais do que isso. Inconformados com o afronte de Beyoncé, ao trazer conceitos panafricanistas e alertar todo povo negro que pôde impactar sobre voltar às suas raízes, conhecer ancestralidade e aprofundar na sua própria história além do que o ocidente faz-nos enxergar sobre quem somos, sobre a nossa história e tudo que nos cerca.
Para entender Black Is King é necessário buscar pela negritude sem nenhum impacto ou conceito que esteja ao alcance dos brancos e entender a nossa grandeza enquanto povo. É pôr uma coroa na sua cabeça e perceber o quanto temos uma riqueza história para conhecer, não aceitar os caminhos construídos e delimitados pela branquitude e unir-se aos seus semelhantes - isso é: zerar das nossas vidas conceitos brancos que vem da esquerda e direita brasileira, diluir os conceitos de comunismo, marxismo e capitalismo, entender toda estrutura que trabalha para manter um genocídio e perceber que estamos muito além de tudo isso. Muitos negros brasileiros usam a esquerda como parâmetro de luta racial, quando na verdade ela é somente uma rua sem saída onde parecemos estar progredindo olhando para cima, dando pulinhos sem sair do lugar e fazendo poesias de palavras que não fazem o mínimo sentido se não estiver sob efeito de entorpecentes que os fazem transceder.
Beyoncé consegue passar toda glória e beleza do povo negro através da arte, nosso corpo é arte, nossa cultura ultrapassa todos os parâmetros e conhecimentos sobre arte natural que o eurocentrismo conseguiu captar e passar através de seus estudos defasados, conhecimentos limitados e práticas abaixo de zero, produzindo obras e conceitos abstratos do natural. Quando sempre estivemos em sintonia com a natureza, com a beleza e a arte.
Nós já eramos belos antes deles saberem o que é beleza. - Beyoncé
Com frases impactantes, narrativas bem conceituadas e uma bela junção da nossa história, contando à partir das suas descobertas e revivendo os conceitos africanos de que a natureza é bela assim como tudo que vem do natural (isso não inclui brancos, fodac).
Receber no feed uma publicação vinda de um jornal elitista e dominado por brancos, rejeitando a obra, é uma bela confirmação de que brancos não estão preparados e nem deseja a emancipação do povo negro que caminha de encontro aos seus ancestrais. Mesmo que a autora tenha escrito livro sobre a escravidão brasileira e entenda sobre racismo estrutural, só mostra o quanto brancos de direita e de esquerda estão mais interessados em manter a visão de desgraça sobre o povo africano, em diáspora ou não. Pesando mais ainda sobre a mãe-terra Afrika. Nos querem subjugados ao eurocentrismo e a branquitude, de todas as formas.
Beyoncé não glamourizou a negritude, apenas mostrou o quanto somos belos e com uma rica cultura. Mas eles não estão prontos para entender isso, não querem e nem desejam que saibamos o óbvio: não precisamos integrar brancos à nossa luta. Ao contrário dos antepassados de quem escreveu tal matéria, um povo sem cultura e beleza, que carrega desgraças por onde passa.
Espero que sigamos com o recado dado. Existe muito mais pretos além de Beyoncé falando sobre negritude, resgatando a identidade afrikana e os valores dos nossos ancestrais. Preto é rei, somos sinônimos de glória e estaremos sempre em ligação com os nossos antepassados - e nunca os esqueça, agradeça sempre pela jornada que trilha. Lembre-se de estar ao lado dos seus semelhantes. E cada vez mais importante e necessário que estejamos unidos para acabar com todos os conceitos ocidentais que nos foi imposto em diáspora.